Luzes, cores, movimentos rápidos, avanços
tecnológicos que proporcionam resultados imediatos: encurtamento de distâncias,
comunicação eficiente, muito mais pela velocidade em que ela acontece do que
pelo seu conteúdo.
Tudo isso faz parte da nossa realidade e está ao
nosso alcance promovendo um certo encantamento e um fluir de desejos e
necessidades que antes pareciam não existir. Desejo de ter, de conquistar, de
superar limites, de ir mais longe, e isso em tempo recorde. Não interessa com
quem, muito menos o onde se quer chegar. Ir é o que interessa, ter meios pra
isso é a prioridade.
Em nome do crescimento, da prosperidade, do avanço,
vamos nos desfazendo de laços familiares, nos distanciando das pessoas,
preferindo um click a um aperto de mão, uma tecla ou um símbolo engraçado a um
abraço apertado, daqueles de fazer doer as costelas e tirar o fôlego.
As vozes vão se calando, substituídas por letras e
cores ou qualquer outro som estranho. A velocidade existe, a tecnologia está aí, só que
cada vez menos a usamos para unir nossas vidas em laços de amizade, de carinho,
de ternura e de amor.
Estamos trocando pessoas por coisas,
transformando-as em objetos e nos divertindo com isso, chamando prazer de
felicidade, mentira de verdade, trocando o conteúdo pelo continente, a essência
pela forma. Perdendo a identidade, fazendo questão de nos despojarmos de nossas
raízes e chamando isso de liberdade sem perceber que as prisões estão se
firmando sobre nós... Que nos tornamos cada vez mais dependentes de coisas que
de pessoas.
E o ser humano se desumaniza, nessa corrida pelo
ter, nessa ânsia por conquistar. E calamos a voz da nossa consciência que
insiste em nos fazer perceber o que é realmente importante. Não temos tempo
agora pra isso. Então, deixamos pra pensar depois, lá no final, sobre um leito
de hospital ou diante da cruz que marca o fim da trajetória de algum ente
querido, naquele lugar que pouco queremos freqüentar: o cemitério.
Se nos permitirmos ter tempo, façamos hoje esta
reflexão. Não somos donos do amanhã, ainda que sejamos capazes de projetar
nossa vida em blocos de 5, 10, 15 ou 20 anos. Só sabemos que existimos, aqui e
agora... Portanto, é necessário avaliar o que realmente importa pra nós HOJE.
Na nossa lista de prioridades, o que vem primeiro? Onde estamos plantando
raízes? No mundo do ter ou no oásis do ser? O que achamos mais importante:
aquilo que o dinheiro compra, ou aquilo que não tem preço?
"De tudo que se deve guardar, guarda o teu coração,
pois dele procedem as saídas da vida!" (Provérbios
4.23)
(Por Caroline Vieira)
Que gratificante é para mim, professora, ler depoimentos de vcs, jovens, preocupados com questões tão sérias. Ser ou ter é assunto pra todo dia, pra sala de aula, pra crianças, adolescentes e adultos. Como é difícil, para nós professores, hoje, passar para nossos alunos a vontade maior de construir conhecimento, amizades, futuro, e não somente possuir coisas e competir nesse mundo alucinante.
ResponderExcluirQue bom ler esse artigo. Parabéns,
Teacher Ana Tereza.